A formação do espaço regional e urbano na Amazônia contemporânea é fruto de um intrincado processo de ocupação econômica, datado especialmente dos anos de 1970 em diante, que contou com um forte protagonismo do Estado, seja na condução de grandes projetos econômicos, seja na orientação de políticas de planejamento territorial. O espaço tradicional amazônico, onde predominavam relações socioespaciais de produção articuladores de uma economia extrativista, foi transformado de forma a atender a demandas exógenas ligadas ao capital nacional e internacional (VENTURA NETO, 2017). Com o início do Nova República, e a prerrogativa de descentralização sobre as políticas públicas, os municípios são alçados ao posto de principais responsáveis pelo planejamento e execução de políticas urbanas. Uma condição que passa a exigir a conjugação de um conhecimento técnico e participativo sobre a realidade urbana municipal que, muitas vezes, se encontra distante da sociedade e da gestão municipal de pequenos e médios municípios paraenses.
O Projeto de Extensão Mapoteca Interativa Cidades na Amazônia visa subsidiar a elaboração de planos diretores participativos de municípios paraenses por meio da sistematização de uma base de dados georreferenciada e sua posterior disponibilização, na forma de mapas temáticos de livre acesso pela sociedade, pela rede mundial de computadores. De forma conjugada, serão produzidas vídeo-aulas de georreferenciamento e cartografia visando capacitar a sociedade para manejar as bases existentes e construir novas bases georreferenciadas, passíveis de serem usadas no planejamento municipal.
O projeto se alinha ao Plano de Desenvolvimento Institucional da UFPA em, pelo menos, dois pontos. Em primeiro lugar, pela
'inserção da dimensão acadêmica da extensão na formação dos discentes e na construção do conhecimento' (UFPA, 2016 p. 70), o que neste projeto é contemplado com inserção de discentes, graduandos em Arquitetura e Urbanismo, na construção da Mapoteca Interativa Cidades na Amazônia, aprimorando o conhecimento sobre geoprocessamento e análise urbanística na escala intra-urbana, bem como aprendendo a construir e interpretar mapas temáticos sobre a realidade socioespacial dos municípios paraenses. O segundo ponto de intersecção está na proposta de
'relação autônoma e assertiva da Universidade em vista do desenvolvimento social, em especial do Estado do Pará e da Região amazônica, seus sítios geopolíticos mais imediatos' (UFPA, 2016 p. 70), nesse caso a ser atendido pela disseminação do resultado cartográfico de uma série de pesquisas sobre a realidade urbana da Amazônia paraense que, há mais de uma década, vêm sendo realizadas pelo Grupo de Pesquisa Cidades na Amazônia em funcionamento na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA.
Objetivos:
Organizar a base de dados georreferenciada de áreas urbanas da Amazônia, sistematizando informações em mapas temáticos que subsidiem a participação da sociedade local no processo de planejamento participativo.
1. Elaborar e disponibilizar na rede mundial de computadores mapas temáticos no formato
pdf (portable document format, ou formato de documento portátil) contendo informações sobre a situação urbana dos municípios da Amazônia Paraense.
2. Produzir vídeo-aulas sobre o papel da sociedade civil organizado no processo de elaboração de plano diretores participativos.
3. Produzir vídeo-aulas de capacitação em geoprocessamento com a utilização do software livre
Quantum Gis, viabilizando o uso de ferramentas de geoprocessamento de forma aplicada à realidade urbana e regional da Amazônia.
Metodologia:
A metodologia do projeto se adequa às metas do projeto. Nesse sentido, inicia pela organização da base de dados já disponíveis no acervo do grupo, padronizando os arquivos no mesmo sistema de coordenadas e na mesma projeção cartográfica, tendo em vista que, por eventualmente terem sido produzidos por fontes e momentos distintos, essas bases apresentam divergências que precisam ser corrigidas individualmente.
Na segunda etapa do trabalho, os dados devem subsidiar mapas temáticos para áreas urbanas dos municípios, segmentados em quatro eixos principais: 1) realidade socioespacial; 2) ordenamento territorial; 3) habitação; 4) saneamento; 5) mobilidade urbana. Em cada um dos eixos, os dados serão ordenados conforme a cronologia obtida ao longo do funcionamento do Grupo de Pesquisa Cidades na Amazônia. Na sequência serão produzidos cinco vídeo-aulas de cartografia e georreferenciamento aplicados à realidade urbana da Amazônia, de até 10 minutos, por meio do software Movavi que permite a captura, em forma de vídeo da tela do computador que está sendo apresentado o funcionamento do software
Quantum GIS. A última etapa do trabalho pretende produzir vídeos curtos, de aproximadamente um minuto, sobre o papel da sociedade civil na construção de um plano diretor participativo, bem como dos principais problemas das cidades paraenses, além da produção de entrevistas em canal de
podcast criado a partir do projeto.
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